Um logótipo progressista

“Governar é comunicar”. A frase é de um autarca francês.

Mas, para se governar bem, tem de se comunicar bem. Para se comunicar bem, é necessário fazê-lo com qualidade. Na escrita, na fotografia, na imagem, no grafismo.

O logótipo encomendado por António Costa para comunicar a mensagem do governo nos suportes online, leia-se redes sociais e para uma nova geração de cidadãos, a geração Z, estava muito bem conseguido.

Temos de distinguir uma bandeira, que é o símbolo da nação, de um simples logótipo, uma ferramenta usada para facilitar a comunicação, fazendo com que as mensagens de um determinado organismo ou empresa sejam facilmente e rapidamente identificadas. O que existia antes não era  um logótipo, mas sim uma representação parcial da bandeira de Portugal. Ora, uma coisa não substitui a outra. A bandeira continua a ser a mesma. 

O designer Eduardo Aires concebeu um logótipo minimalista, extremamente eficaz na função de identificar as mensagens do governo da república.

Agora que finalmente tínhamos um elemento comunicativo bem desenhado, elegante, progressivo e funcional, mudámos. Retrocedemos.

A forma como esta medida política foi tomada deixa-me de alguma forma apreensivo quanto ao método de governação a adotar nos próximos tempos. Foram consultados designers e especialistas na matéria? Provavelmente não. Se a decisão a tomar fosse sobre economia, defesa ou transportes (como no caso do aeroporto), habitualmente são consultados os peritos no tema ou até criada uma comissão para estudar o caso. Mas de comunicação, neste caso de design, toda a gente percebe... Decididamente um passo atrás.

Mas o logótipo será porventura o problema menos importante do país. Esperemos que as próximas decisões sejam mais refletidas, porque esta não faz qualquer sentido. Se a intenção é distanciar da governação anterior, foi uma espécie de auto-golo, porque o logótipo até estava bonitinho.

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