Registos do confinamento II

Fecho os olhos. O calor do sol aquece-me a face e deixa-me o corpo cálido, a secar as últimas gotículas de água salgada que me escorrem pela pele, deitado na toalha. Os lábios com sabor intenso a sal já pedem por uma cerveja gelada, servida na esplanada do bar da praia. Já sentado, passo com os dedos no exterior do copo humedecido, enquanto esfrego os pés um no outro, para tirar mais uns grãos de areia. Observo os jovens tatuados deitados em bandos a apreciar a beleza das raparigas em bikini que jogam raquetas junto à rebentação suave da baixa-mar. As crianças constroem castelos de pá em riste com a ajuda dos avós nos primeiros metros de areia molhada. Na linha do horizonte desfilam embarcações de recreio e cargueiros de quando em vez. O telemóvel toca. Abro os olhos. Estou deitado no sofá, de pantufas negras, em repouso que hoje foi mais um dia de teletrabalho.

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