Jardim, o estratega


A estratégia de comunicação adoptada por Alberto João Jardim na Madeira, após a tragédia, foi, e continua a ser, brilhante.

Para qualquer cidadão do país e do mundo, o que aconteceu na Madeira e que nos chega pelas imagens televisivas foi o horror. A tragédia. O drama de perda de vidas humanas, para além dos estragos. Para quem conhece a ilha, é arrepiante imaginar a cidade do Funchal coberta de pedra e lama.

Mas, quem conhece, também sabe que os locais turísticos continuam ilesos. É possível subir até ao ponto mais alto da ilha, o Pico do Areeiro. É possível passear até ao norte da ilha, à zona de Porto Moniz. É possível ir até ao Cabo Girão e admirar o mais alto promontório da Europa. É possível visitar a mítica localidade de Curral das Freiras. O Monte é visitável. Com excepção da zona do Mercado dos Lavradores, em pleno Centro histórico do Funchal, é possível para um turista visitar a ilha e não se arrepender. O aeroporto funciona. Não devem faltar carros para alugar. Os hotéis estão a operar.

Isto mesmo divulgou o Governo Regional da Madeira, ontem no Twitter, através de imagens da zona dos hotéis, onde os turistas circulam com aparente normalidade. Polémico, Alberto João sabe como ninguém que o turismo é o principal ganha pão dos madeirenses. (Tal como deveria ser no continente…) E que esta, como todas as indústrias modernas, vive da imagem. Sabe que uma imagem de excelência leva anos a criar, mas pode ficar destruída em poucas horas.

O prestígio alcançado pelo arquipélago em todo o mundo, pode ficar abalado com as notícias de destruição, que alguns media exploram até ao tutano. A atitude cautelosa e visionária de Jardim, ao não querer decretar o estado de calamidade, foi a mais acertada. Apelou à contenção dos exageros de quem quer vender notícias como quem vende gelados. Para quê arranjar mais um rótulo negativo para a situação? O mais importante foi reagir com celeridade. Andar para a frente. É uma gestão da crise exemplar.

Em breve, estou certo que o Funchal terá o brilho que lhe é natural. O Presidente dos Madeirenses revela inteligência, até na indumentária que usa nestes dias. Tirou a gravata. Vestiu o impermeável. Comunica trabalho. Certamente que, dentro de dias, irá aparecer em frente às câmaras de televisão com as suas melhores gravatas, para dar sinais de que tudo regressou à normalidade. Ou com o charuto, a cultivar aquela imagem exótica, que associamos à ilha que comanda. A Madeira é de facto, um Jardim.

Nota: a foto é da autoria do meu amigo e mestre, Luiz Carvalho, foto jornalista do Jornal Expresso.

Comentários

  1. O que ficou destruido em grande escla foi mesmo a "capital" (ver infografias no "SOL".
    Sobre Alberto João...
    Discute-se por cá a liberdade de impresnsa e a asfixia informatiava e depois de ver a entrevista com a Judite de Sousa... a coisa é a mesma: ele só respondeu o que queria e não respondia directamente às perguntas, referindo até que ele é que dizia apenas o que queria dizer. Quando confrontado com os estudos... a Judite não teve grandes respostas. Nem nós. Apenas a certeza de que ele as evitou, em grande.
    Abraço. (para quando a miniECA ou o que quer se se tenha chamado na altura?)

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