A vitória da abstenção




A brincar diz-se tudo. Mas sem brincadeira, isto é preocupante. De fato não vejo motivo para tantas comemorações, quando 2 terços da população não votam. Isto deveria ser motivo de reflexão para os partidos e para todo o sistema político. Esta foi a campanha mais pobre de que tenho memória desde que há eleições para a Europa. Os candidatos mantiveram como foco principal denegrir os adversários, com poucas ideias e conteúdos na mensagem que fizeram passar. Mesmo a cobertura jornalística ficou aquém. Quando observamos jornalistas a darem eco precisamente das trocas de galhardetes e a fazerem contagem de cadeiras vazias dos almoços e jantares, em vez de esmiuçarem as ideias e esclarecerem a população acerca da importância desta eleição, algo está mal. O Estado, os partidos, a comunicação social e até mesmo o sistema de ensino têm o dever de educar um país que ainda não sabe bem para que serve o projeto europeu. É preciso explicar às pessoas que a quase totalidade dos investimentos que são feitos nos municípios e no país - estradas, escolas, hospitais, parques verdes, apoios ao turismo, à indústria, à agricultura e muito mais - são pagos com fundos comunitários. A abstenção crescente poderá ser um ameaça. Portugal, como país pequeno e periférico, precisa desta Europa como de pão para a boca. É fundamental haver cidadãos esclarecidos e participativos. Um desafio para o futuro.

Comentários

Mensagens populares